Em 1640, duas nações procuravam livrar-se do jugo castelhano: Portugal e Catalunha.
Portugal já fora um reino independente, apesar de ser uma região pobre; a Catalunha, ao contrário, sempre estivera submetida à corte de Madrid, mas já era uma região rica e progressista.
Filipe IV reuniu esforços para dominar a insurreição catalã. Com isso, descurou o poder sobre Portugal e este restaurou a sua independência que, até hoje, ainda mantém, apesar de continuar a ser o país mais pobre da Ibéria, caminhando, velozmente, para ser o mais pobre da Europa.
Correram os anos. Os países ibéricos, à excepção de Portugal, reuniram-se num só: a Espanha, a décima potência industrial do mundo. Portugal… esse continuou pobre, rural, desindustrializado.
De repente, surgiram ideias novas: para contrariar o domínio económico bicéfalo América-União Soviética, a Europa tinha de unir-se, constituindo uma alternativa capaz de enfrentar o poder económico-financeiro dos dois blocos.
Aos poucos, paulatinamente e com segurança, isso foi-se conseguindo. Até que nasceu a Comunidade Europeia.
Só que o mundo continuou a girar: novas tecnologias, novas capacidades, países emergentes… enfim, era a globalização. A Europa, subestimando este novo poder, repousava, aceitando, quase sem se aperceber, ser liderada pelos germânicos que, finalmente, parece terem percebido que pela força das armas nunca conseguiriam essa liderança.
Portugal entrou na Comunidade. Não podia fazer outra coisa, na sua qualidade de país mais periférico do continente.
Mas, por detrás desta paz podre mascarada de unidade, um tumor acabaria por nascer: a moeda única.
Moeda única? Nenhum dos políticos portugueses abriu um livro de História? Nenhum sabia que, ao longo dos séculos, ‘cunhar moeda’ era privilégio de soberania e de autodeterminação? Nenhum percebeu que, sem moeda própria, o país perderia ambas, ficando à mercê dos ‘donos do dinheiro’?
Eles não sabiam. Entraram alegremente, apesar de saberem que isso iria, de imediato, aumentar estupidamente o nosso custo de vida.
Agora, aí estamos nós. Temos o ‘euro’, igualzinho ao da Alemanha, da França, da Espanha e… da Catalunha. Mas continuamos a estar na ‘cauda da Europa’.
Estamos nas mãos, hoje, de três fulanos que não conhecemos, não elegemos mas que ditam o que temos de fazer para lhes pagar empréstimos e juros. Na bancarrota ou lá perto, não nos resta, sequer, a solução de jogar com a inflação como fez a dupla Soares-Ernâni Lopes para sairmos de uma situação semelhante. Agora, quem manda é quem manda no ‘euro’.
A Catalunha continua a ser a região mais rica e mais industrializada de Espanha e, no entanto, os catalães sofrem na pele os mesmos sacrifícios dos outros espanhóis. Por isso, fartaram-se.
Vão discutir, dentro de dias, se querem continuar sob o jugo espanhol que lhes não permite criar as suas próprias normas de vida.
Estou em crer que o acto eleitoral vai optar pela independência, finalmente. A Espanha perde: perde uma fonte de receita importante, perde a aparência de coesão, e, como diriam os brasileiros, perde a cara.
E que fará a Catalunha a seguir? Se quiser libertar-se de «troikas» só tem um caminho: criar moeda própria.
Se assim for, o ‘euro’ tem os dias – não muitos – contados.
Que fará a Espanha? Tentar impedir a independência dos catalães, lutando pela ‘coesão territorial’? Não creio, pois inda lhe estão frescas as memórias da sua guerra civil. Mas que vai ser um pandemónio, isso vai.
E Portugal? Ah, sim, uma vez mais teremos de agradecer à Catalunha por nos vir abrir uma porta para a liberdade. Para a independência. Venha o nosso ‘escudinho’, venha a inflação; mas livrem- -nos do governo da «troika» e deixem-nos recuperar um pouco. Com a nossa pequenez, com a nossa idiossincrasia, com os nossos fracos recursos económicos e intelectuais.
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