Na campanha eleitoral, o PSD, pela boca de Pedro Passos Coelho tinha-nos dito que sabia perfeitamente como iria reduzir as despesas do Estado, as «gorduras», como se baptizaram, então. Eram as PPP, eram os governos civis, eram os institutos e as empresas públicas e municipais, eram as fundações, eram os «excedentes da função pública…
Eleito para o governo, avançou logo com a extinção dos governos civis. Pudera! Os governadores civis eram, todos eles, boys do PS!...
Ficou-se à espera da redução das outras «gorduras do país». Alto lá! É preciso fazer estudos, isto não vai assim, sem mais nem menos.
Institutos públicos? – Tenham calma. Ainda não há estudos conclusivos.
Empresas públicas e municipais? – Calma, amigos, dêem tempo ao tempo. Além disso, elas estão crivadas de boys dos nossos…
Excedentes da função pública? – Não podemos despedir as pessoas…
Fundações? – Pronto, pronto. Está feito o estudo. Há aí centenas de Fundações para encerrar. Ora deixem ver… Olhem, íamos encerrar aqui uma dezena e meia mas as câmaras não querem ou porque as fundações não precisam do nosso dinheiro ou da nossa autorização para funcionarem e, afinal, a gente pouco gastava com elas.
Ficaram aqui quatro onde vamos ser implacáveis! Esta, por exemplo: Fundação António Aleixo, no concelho de Loulé. Para que serve isto?! Só suportam um infantário, fazem assistência domiciliária, coisinhas assim… Em suma, dá assistência a centenas de famílias. Insignificâncias assim, sem grande uilidade! Então, fecha-se!
E determinaram o seu encerramento.
Como reagiram os louletanos? Protestaram? Ora, ora, para quê? Não basta a gente discutir isso no café?
E o governo percebeu: estes aqui aguentam tudo o que quisermos; então, vamos a eles. E puseram-se a esgravatar, à procura doutro sítio onde cravar o choupo.
Olhem - disseram os esgravatadores - o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) tem, há dois anos, em Loulé, um helicóptero. Para que é que eles querem o raio do helicóptero? Não têm que evacuar sinistrados todos os dias… Pegamos num helicóptero daqueles grandes, que estão ao serviço do Ministério da Administração Interna, adaptamo-lo para poder efectuar serviço de socorro médico e já está. Então vamos tirar o helicóptero do INEM de lá.
E que fizeram os louletanos? Protestaram? Ora, ora, para quê? Não basta a gente discutir isso no café?
Em Macedo de Cavaleiros o ministro quis fazer o mesmo. O povo saltou à rua, os autarcas encabeçaram uma manifestação. Ameaçaram retaliar. Aquilo é gente determinada; lutam. O governo foi-se abaixo e voltou atrás com a decisão. O helicóptero ficou lá.
Por cá, segundo a acta da reunião de câmara de 11 de Janeiro, a eventual retirada do helicóptero do INEM já fora objecto de uma moção votada por unanimidade; provavelmente, também no sossego dos gabinetes, o assunto fora discutido; mas ficou-se à espera de que o governo actuasse e só hoje a autarquia tornou público um manifesto sobre o assunto.
O pessoal do concelho louletano… isto é outra gente: calma, resignada, comodista. Ficámos todos à espera que as uvas amadurecessem, enquanto se aguardava a posição oficial da autarquia. Agora, aí está ela:
"Na sequência da tomada da decisão do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) em retirar de Loulé o Helicóptero que se encontrava sedeado no Heliporto Municipal de Loulé há cerca de dois anos e meio, deslocalizando-o para Beja, o executivo municipal manifesta a sua total discordância.
Em primeiro lugar, a prevalência das ocorrências no Algarve (87%) é claramente superior à registada no Distrito de Beja (11%), no período compreendido entre Abril de 2010 e agosto de 2012.
A alternativa apresentada, com a adaptação de um KAMOV (helicóptero pesado ao serviço do Ministério da Administração Interna) para efectuar a prestação de socorro não vai ao encontro das necessidades já que, pelas suas características, está vocacionado para outro tipo de serviços que não as operações de emergência médica.
O Algarve, não só pela população residente ao longo do ano mas, fundamentalmente, pela população flutuante que triplica na época do verão, tem necessidade de um serviço permanente que preste auxílio imediato em situações de emergência até porque, o facto do Hospital Central ainda não estar concretizado, torna necessário que exista um equipamento que transporte doentes para os grandes centros como Lisboa (32% das ocorrências efectuadas no Algarve reportam a transferências inter-hospitalares).
Assim sendo, esta medida vai prejudicar claramente não só as populações mas também o turismo algarvio já que, nos dias que correm, os serviços de saúde constituem um factor determinante na escolha de um destino turístico".
O manifesto tem toda a razão de ser; mas tenho cá para mim que não vai chegar aos corredores do poder, onde já deveria ter dado entrada há muito.
A população louletana, essa continuará a protestar… à mesa do café.
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