Lincoln terá dito que “a demagogia é a capacidade de vestir as ideias menores com palavras maiores”; mas, centenas de anos antes, Aristóteles avisara que “a turbulência dos demagogos derruba os governos democráticos”.
A mim, parece-me que os políticos que nos têm (des)governado – depois de Êrnani Lopes ter conseguido o milagre de equilibrar as finanças portuguesas – ignoram deliberadamente as palavras sensatas.
Aqui há umas semanas, ouvimos o líder socialista, Seguro, bramar palavras incríveis contra o governo de Passos Coelho, como se, nos últimos anos, os responsáveis do partido do punho fechado tivessem passado, angelicamente, pelos lugares de governação.
Logo a seguir, veio Cavaco denunciar Sócrates como uma espécie de traidor que levou o país à miséria, como se não tivesse sido a governação do mesmo Cavaco que desbaratou estupidamente em cimento e por mãos amigas, os milhões que chegavam, diariamente, de Bruxelas.
Agora, no congresso do PSD da última semana atingiu-se o paroxismo da demagogia. Já o ministro das finanças se vangloriara de que já estamos a meio da ponte. Mas, quem ouviu Passos Coelho e os demais oradores, acreditaria que eles vivem noutro país que não se chame Portugal.
Disse-se e redisse-se que estamos em recuperação e que, lá para meados do próximo ano, já estaremos numa fase ascendente, olhando para o buraco ao fundo do túnel, já que em 2013 estaremos a crescer.
Ninguém teve a coragem (honestidade) de dizer que a política de restrições que este governo nos (nos… a quem não se pode defender, claro) tem imposto nos empurram, cada vez mais, para o fundo do poço e nunca para perto da luz; porque a realidade é que os números não mentem (ao contrário dos Pinócrates e dos Coelhómetres) e a realidade é que o défice do Estado, cresceu em menos de um ano, triplicando, para 3,5%; e as receitas fiscais que o manso Gasparzinho (que quer ser mais troikista que a troika) previa que subissem… não subiram. Ao contrário, desceram 5,3% !
Falhanço total! – O aumento brutal dos impostos nunca compensará a ausência de crescimento económico.
Gaspar bloqueou a economia e o governo entrou no mundo do surreal, como fizera o governo anterior.
Se calhar, estávamos a meio da ponte, pois, mas desde que o PSD se aliou ao BE para recusar a última bóia que poderia ser de salvação, chamada PEC 4, começámos a andar, aceleradamente, “às arrecuas”.
Por favor, deixem de vestir as ideias menores com palavras bonitas. Acabem com a demagogia e reconheçam a vossa incapacidade para dirigir o que quer que seja!
E.G.
Este blog não está interessado em aderir ao novo Acordo Ortográfico da Língua Brasileira. Por isso, escreve no que entende ser Português escorreito
Na semana passada, António José Seguro, numa visita integrada numa semana a que chamou "Em Defesa da Saúde", esteve no Hospital de Faro.
O secretário-geral do PS, falando aos homens dos jornais, disse-se “impressionado com as condições da Urgência" do Hospital de Faro, onde os doentes muitas vezes se acumulam, em macas, ao longo dos corredores do serviço.
A cena é conhecida por todos os algarvios que, infelizmente, ali têm de acorrer. Seguro lá teria as suas razões par visitar as urgências do Hospital Distrital, acora apelidado de "central".
Disse ainda Seguro que o cenário que aquele serviço apresenta é uma imagem que levará consigo. E acrescentou: “Se nós confron-tarmos isto com outras urgências que há no país ou unidades de internamento que visitámos, há uma diferença muito grande e é uma situação que não dignifica sequer o hospital".
A seu lado, destacados socialistas algarvios apoiavam pungidamente, com acenos e murmúrios. Entre eles, o “flutuante” Miguel Freitas, aquele que
há uns meses, perante as vigorosas críticas dos socialistas algarvios, garantia que, logo após as eleições legislativas, se iria afastar e convocar eleições para a Federação do PS/Algarve.
Pois sim… o “indefectível socrático", buscou logo tratar da sua vidinha, aproximando-se, num servilismo sabujo, de Seguro, aquele que, numa luta surda e paciente, nunca mais via Sócrates largar o poleiro. Sim - o Sócrates que Freitas apoiara entusiasticamente.
Como Seguro, Freitas e companhia estavam “impressionadíssimos” com a dezena de macas que permaneciam junto das urgências.
O curioso é que nunca, enquanto governaram os socialistas, Freitas, Seguro e outros tantos, se não tenham impressionado com o espectáculo que, frequentemente, envolvia três ou mais dezenas de macas.
E hoje, na sessão de encerramento do “Fórum SNS com Futuro”, com que terminou a “Semana em Defesa da Saúde”, Seguro dizia, em Coimbra, a propósito de situações semelhantes à que viu em Faro: “Insensibilidade social é o mínimo que podemos dizer deste governo”.
E que diriam no PSD das mesmas cenas a que, então, se assistia?
E.G
Este blog não está interessado em aderir ao novo Acordo Ortográfico da Língua Brasileira. Por isso, escreve no que entende ser Português escorreito
Acaba de me chegar às mãos o livro “Roteiros VI”, que Cavaco Silva lançou para assinalar o primeiro ano do segundo mandato presidencial.
Mais uma desilusão (?) que o Presidente da República nos proporciona. Queixa-se (e com razão) de José Sócrates não lhe ter dado conhecimento prévio do PEC 4, nem das medidas de austeridade orçamental que o Governo estava a preparar, a fim de atingir as metas do défice público previstas para o triénio 2011 a 2013.
Considera Cavaco que isso constituiu uma “falta de lealdade institucional” a qual – não se sabe bem por que critérios – “ficará registada na história da nossa democracia."
Diz o Presidente que se sentiu, por isso, impedido de exercer a sua magistratura de influência de tal modo que evitasse o surgimento de uma crise política. Como se essa crise não estivesse já instalada! - o que, em boa verdade, teve início no momento em que, sendo ele mesmo primeiro ministro, começou a receber e desbaratar milhões que, diariamente chegavam da então denominada CEE.
Não diz Cavaco Silva, no livro que, ao contrário do que quer fazer crer, muito contribuiu para o deflagrar dessa crise, estimulado que o PSD rejeitasse esse mesmo PEC cujas medidas, mais tarde, se revelariam incontornáveis.
Não diz Cavaco as influências que exerceu até que Sócrates se viu forçado a apresentar-lhe a sua demissão, uma vez que não dispunha de condições políticas para se manter o cargo de primeiro ministro.
O Presidente acusa ainda Sócrates de recorrer "a uma linguagem de inusitada contundência no tratamento dos seus adversários, a que estes respondiam em tom muito duro, adensando um clima de conflitualidade e de crispação”.
Só esqueceu Cavaco que para haver discussão e tons ásperos… são precisos, pelo menos, dois.
Ao acusar Sócrates de deslealdade institucional, Cavaco Silva “esquece” a inventona das escutas que o “obrigou” a interromper as férias para, através duma mensagem nefelibata, atacar o Governo que estava em funções.
Esqueceu Cavaco que a lealdade institucional se deve a todas as instituições passadas, presentes ou futuras, quando na sua vingança pessoal – perdão, no seu discurso de tomada de posse – divagou sobre a situação económica portuguesa, num discurso que destilava fel sobre o anterior Governo o qual, subliminarmente, acusou de ser o único responsável pelo descalabro financeiro português, discurso em que “ignorou” a crise internacional e a crise das dívidas soberanas.
Teria ficado bem a Cavaco, mesmo antes desse inimaginável discurso, fazer a pedagogia dos sacrifícios e da austeridade. Não o fez; só o faz agora, para defender outros erros de austeridade, dum Governo que faz gala em demonstrar que o Estado já não é uma pessoa de bem.
E não o é, desde os anos 80, quando o actual Presidente era apenas aquele primeiro-ministro que digeria as humilhações que lhe infligia Soares, que estava no cargo que ele, Cavaco agora detém.
Mas, nesse tempo, Cavaco dizia que, quando deixasse São Bento, todas as famílias portuguesas teriam frigorífico (lembram-se?). Conheço famílias que começaram, então a acreditar que éramos todos ricos; desataram a comprar com o que tinham e com o que não tinham - carros para todos os membros da família, andares e moradias, mobílias de luxo, férias em Cuba e no Haiti…
Ah, Presidente: sabe? Conheço também famílias que ainda hoje não têm frigorífico. Nem o senhor teria se, realmente, ganhasse mil e trezentos euros por mês…
Por tudo isso, “Roteiros VI” não deveria ter sido escrito. A menos que com isso se pretenda, dividir ainda mais este povo esmagado pela “sua” austeridade de que agora o senhor é adepto fervoroso.
EG
Este blog não está interessado em aderir ao novo Acordo Ortográfico da Língua Brasileira. Por isso, escreve no que entende ser Português escorreito
Trouxe-me o correio electrónico de hoje a notícia, em forma de comunicado de imprensa, de que o socialista algarvio Fernando Anastácio, vice-presidente da direcção da Entidade Regional do Turismo do Algarve (ERTA), entendeu renunciar ao seu mandato.
Um direito que lhe assiste, como é natural; como lhe assistiu o direito de se propor para a eleição do mesmo cargo. Portanto, até aqui, muito bem.
Mas vejamos as razões que Anastácio aponta para esta sua decisão: diz ele que as “opções políticas da tutela reduzem de forma drástica o orçamento desta entidade”.
E mais diz: que discorda do “cancelamento do programa Allgarve” e do “recente corte de 30% do orçamento da ERTA, dos termos da contratualização que é imposta, bem como (…) das posições (assumidas) pela secretária de Estado”.
Diz ainda Anastácio que tem reservas “sobre a orientação e o caminho preconizado pela tutela para o turismo do Algarve” e que, assim, não vê “reunidas as condições para um pleno e cabal exercício das responsabilidades que, no seu entender, estão atribuídas à ERTA”.
Finalmente, alega o político socialista que espera “que esta tomada de posição possa de alguma forma contribuir como lançar um alerta e promover a reflexão entre os agentes regionais, públicos e privados, sobre o caminho que se está (a) trilhar”.
Pois aqui estou eu – que não sou agente de nada nem de ninguém, nem público nem privado – a reflectir... como apela o senhor Anastácio.
E que dizem as minhas reflexões? Que Anastácio e a ERTA só têm “reunidas as condições para um pleno e cabal exercício das suas responsabilidades” em tempo de «vacas gordas.
Não percebeu ainda Anastácio que as vacas estão magríssimas e que, por isso, é necessário fazer cortes (de 30, 40, 50 ou até de 100 por cento) nas excrescências adiposas do Estado. Excrescências para que o seu partido muito contribuiu. Ou não sabia disso?
Não percebeu também que o tal programa «Allgarve», em termos de incremento de importação de turistas, foi de uma nulidade absoluta, pelo que se justificava em absoluto lançá-lo borda-fora e repensar os estímulos para atrair turistas e as suas divisas.
Como vice-presidente, não percebeu ele que “a manuten-ção dos parcos meios disponíveis para a promoção terão que ser encontrados no corte de despesas com recur-sos humanos” da ERTA, como não conseguiu vislumbrar que o gigantismo daquela entidade, tanto em recursos humanos como em estruturas físicas, pouco mais significaram, durante anos a fio, senão serem acolheito de boys e girls, clientes e produto dum mal nacional chamado nepotismo.
Pois vá lá descansado para a «sua» Albufeira, senhor Anastácio. Ninguém vai dar pela sua falta. Como não deu pela sua presença.
E.G.
Este blog não está interessado em aderir ao novo Acordo Ortográfico da Língua Brasileira. Por isso, escreve no que entende ser Português escorreito
* RESGATE SIM, RESGATE NÃO,...
* VERDADEIRO EMBUSTE, ESTE ...
* ELEGIA DA INFRUTUOSIDADE ...
* DE QUE SERVE SER BOM ALUN...
* A ESPERANÇA VIRÁ DE BARCE...
* ASSALTO AO «POTE» PELOS «...
* Autarquias
* Entidades Oficiais
* Finanças
* A M A L
* Órgãos de informação
* Bola
* Público
* Record
* R T P
* S I C
* T V I