Quase toda a gente conhece a história, apesar de, sobre ela, já terem passado 2074 anos.
Decorria, em casa de Júlio César, no 1º de Maio do ano 62 a.C., a festa da “Boa deusa”, uma orgia báquica, reservada exclusivamente às mulheres. A celebração fora organizada por Pompeia Sula, segunda mulher de Júlio César, ao que consta, uma mulher jovem e muito bela.
Acontece que Publius Clodius, jovem rico e atrevido, estando apaixonado por Pompeia, não resistiu: disfarçou-se de tocadora de lira e, qual penetra, enfiou-se na festa, na esperança de chegar junto de Pompeia. Porém, foi descoberto por Aurélia, mãe de César, sem que tivesse conseguido os seus intentos.
Escândalo! Nesse mesmo dia, todos os romanos conheciam a peripécia e César não esteve com mais aquelas: decretou o divórcio de Pompeia. Mas César não ficou contra Publius Clodius, o suposto sacrílego.
Os senadores romanos estranharam: se César sabia, e o dissera publicamente, que à mulher não podiam ser assacadas quaisquer culpas, porque se divorciara dela?!
A resposta de César ficou famosa e perdurou até hoje: “Não basta à mulher de César ser honesta, ela precisa parecer honesta.” Ou seja, “A mulher de César deve estar acima de qualquer suspeita”.
A frase tem sido usada até à exaustão. No entanto, não entrou na história portuguesa, já que, neste país os bons modelos não são para cumprir, designadamente por aqueles que deveriam impô-los.
Não, não vou falar do curso do Relvas, do diploma de domingo de José Sócrates, ou dos negócios das acções do BPN e da casa da Coelha do Chefe do Estado.
Não vou falar dos amiguismos e nepotismos, das negociatas nas PPP e nas empresas municipais, ou nos negócios de sobreiros ou de submarinos, que teimam em persistir, governo sobre governo. Disso estão fartos de falar os jornais.
Não vou falar hoje nesses “peanuts” – porque em Portugal, tudo o que seja grave mas que respeite a figuras públicas é sempre considerado como ervilhanas. E todos os dias, quase sem excepção, rebenta um novo escândalo, uma nova bolha de corrupção. Pelo menos, nas páginas dos diários ou dos periódicos.
Podem até não ser escândalos ou razões para divórcios de Pompeia. Mas tantas vezes «cheiram» tão mal, que mais parecem merecê-los.
Há dois dias apenas, soube-se que o Pavilhão Atlântico, um verdadeiro monumento pago com o dinheiro dos nossos impostos, foi vendido, pelo governo, por 21 milhões de euros, um terço do valor do respectivo custo. É esquisito, não é?
E quem o comprou? – Um sujeito que, há poucas semanas, se dizia estar em falência; o organizador de festivais famosos, de música «pesada», muita liberdade, álcool e erva… Nada mais, nada menos que o marido da filha do actual Presidente da República Portuguesa.
Pode isso nada significar – ninguém pode e deve ser acusado sem ser presente o ónus da prova.
Não me ocorre lei específica, que inverta o ónus da prova para políticos, gestores e respectivos familiares; porém, na prática…
Mas, lá porque à mulher de César não podem ser assacadas quaisquer culpas, vamos esquecer que “não basta à mulher de César ser honesta, pois precisa parecer honesta”?
E.G
Este blog não está interessado em aderir ao novo Acordo Ortográfico da Língua Brasileira. Por isso, escreve no que entende ser Português escorreito
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