O governo de Sócrates criou o sistema de «empresa na hora» - pouca burocracia, menos entraves, mais celeridade, maiores facilidades. Pareceu uma medida boa.
Tão boa que a troika a adoptou logo, com outros parâmetros: exigiu «privatizações na hora»: a TAP, a RTP, a REN, as Águas de Portugal têm de sair das mãos do Estado (o Estado somos todos nós) para passar para as mãos capitalistas, da forma mais simples, sem burocracias, papeladas, chatices.
Entregar os já escassos bens públicos ao capitalismo selvagem é oiro sobre azul para empresários portugueses e estrangeiros sem escrúpulos. Qualquer privatização, só por si, é campo adubado de consequências imprevisíveis. Uma privatização sem regras transparentes, como a troika exige não vai comportar apenas corrupção. Vai trazer, de certeza, a falcatrua, o tráfico de influências e, finalmente, o roubo. O roubo ao Estado – o roubo a todos nós.
Quem percebeu o memorando da troika não terá deixado de se surpreender pelo facto de ali ser exigida a venda urgente, até final de Agosto, do negócio da área da saúde da Caixa Geral de Depósitos. Porquê? É fácil perceber:
António Borges, que foi quadro de um dos três ramos da troika, e que foi nomeado pelo governo como consultor para gerir as privatizações, é funcionário administrador da firma Jerónimo Martins, do grande benemérito Soares dos Santos, o homem mais rico de Portugal… que paga os seus impostos… na Holanda.
Ora Soares dos Santos já anunciou a criação do seu negócio na área da saúde. Se vai adquirir à CGD esse «negócio», é perfeitamente claro que tal aquisição será, por ajuste directo, ou seja, sem concurso e, provavelmente, sem consulta sequer, pois em tão curto espaço de tempo, o contrário não será possível.
Talvez se faça um processozinho com umas dezenas de páginas arquivadas. Daqui por uns meses, quando todos já falarem em tráfico de influências, corrupção, luvas, etc., o processo desaparecerá misteriosamente, como aconteceu com o processo da compra dos submarinos.
E mesmo que se prove, como na operação «Monte Branco», que houve vigarice, crime financeiro de milhares de milhões de euros, cá estará um governo complacente (para os ricos), a lançar uma amnistia que significa a rendição do Estado (a nós náo perguntaram nada, pois não?) ao expediente, ao crime financeiro organizado, discriminando negativamente os cidadãos cumpridores; os que sempre têm de pagar e nem têm direito de bufar.
Corrupção? Ná! A troika não deixava!
E.G.
Este blog não está interessado em aderir ao novo Acordo Ortográfico da Língua Brasileira. Por isso, escreve no que entende ser Português escorreito
Os jornais enchem parangonas: o diploma de Relvas é falso; como há anos usavam o mesmo tema sobre Sócrates. Não questionam se os diplomas são necessários para se poder ser ministro.
Não são. Mas os jornais apenas querem dizer: Relvas é um trafulha. Como, há anos, disseram de Sócrates. Como se o facto de um político ser trafulha fosse novidade. Novidade seria encontrar um político (pelo menos, actualmente, em Portugal) que não usasse «xico-espertices» e trafulhices para chegar onde queria: ao poleiro.
E enquanto os jornais usam estes temas menores para encher papel e vender jornais, os temas que realmente importam ao zé-povinho passam a segundo plano.
Enquanto se fala do diploma de Relvas, passa em claro a evidência mostrada pelo Tribunal Constitucional de que a decisão de cortar os subsídios de Natal e de férias foi ilegal, foi um absurdo social e económico, sendo, assim, um contributo imenso para agravar a crise e, como tal, foi uma irresponsabilidade imbecil.
Enquanto se fala do diploma de Relvas e da fidelidade (conivência?) entre este e o primeiro-ministro, não se mencionam as falências de empresas e do consequente aumento do desemprego, ambos provocados por medidas como o aumento do IVA e por estes sucessivos cortes que diminuem o poder de compra da população.
Enquanto os títulos se ocupam do inútil diploma de Relvas, passa a segundo plano o facto de o governo não ser capaz de renegociar as «parecerias público-privadas», mas teve a «coragem» de tomar a decisão arbitrária de atacar o elo mais débil da corrente, sacando aos funcionários ainda mais do que eles já eram capazes de suportar.
Logo que Passos Coelho ou o seu ministro «f…-mansinho», das Finanças, anunciaram esses cortes de subsídios aos funcionários, a oposição e muitos economistas avisaram sobre a inconstitucionalidade da medida, já que comportava desigualdade entre o sector privado e o sector público. Coelho e «F…-mansinho» fizeram, irresponsavelmente, orelhas de mercador.
Cavaco, cúmplice desta espécie de governo «infanto-juvenil» que está à frente dos nossos destinos, fez que não percebeu e promulgou.
Vem agora dizer que sim, que percebeu, mas que deixou passar sem pedir o parecer do Tribunal Constitucional porque senão… não havia orçamento.
Agora, que o Tribunal avisou sobre a ilegalidade e irresponsabilidade cometidas, já o governo de Relvas/Coelho e «F…-mansinho» agitam a possibilidade de alargar a medida ao sector privado.
Nem comentamos esta incoerência, que mais agravaria as condições de vida das pessoas e a crise económica (donde não nos escaparemos com facilidade, mesmo sem estas medidas estúpidas, infantis, irresponsáveis e absurdas).
Mas os absurdos não ficam apenas por este (des)governo, bom aluno da senhora Merkel. É que o Tribunal Constitucional considera que os cortes dos subsídios de Natal e férias à função pública são uma violação da Constituição; mas vai «deixar passar» por esta vez. Ou seja: a medida que é inconstitucional para o próximo ano, é aplicável no ano corrente.
Temos uma Constituição pisca-pisca, que ora pisca, ora não pisca?!
E.G
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